Descobri um site com curiosidades e histórias de bairros do Rio, neste post contaremos sobre Santa Teresa
O nome do bairro de Santa Teresa vem do Convento que as irmãs Jacinta e Francisca Rodrigues Ayres construíram há 250 anos, para devoções à Santa Tereza, e resiste ao tempo no bairro que emprestou seu nome.
Corria o século XVIII. O ano era de 1750, e as irmãs Jacinta e Francisca Rodrigues Ayres realizavam um sonho, o de montar o primeiro convento feminino no Rio de Janeiro, então uma capitania do Brasil colonial. O governador Gomes Freire de Andrade havia lhes cedido uma chácara no Morro do Desterro, para que devotassem o convento à sua santa preferida, Santa Tereza D´Ávila. A pedra fundamental do convento foi lançada a 24 de junho de 1750, mas as obras duraram até mais de dez anos depois. No dia 24 de outubro de 1750, quatro meses depois da pedra fundamental, uma grande cerimônia foi realizada na frente do convento, com tropas desfilando, salvas de tiros e bençãos religiosas. Estava se fixando neste dia, sem que ninguém atentasse para isso, a data de aniversário do bairro que ali nascia: Santa Tereza.
De lá para cá, episódios importantes fizeram do morro um bairro habitado. Crucial para o processo de ocupação do bairro foi o surto de cólera que não pegava em Santa Tereza, simplesmente por não haver condições de manter água parada num morro. Outro fator de habitação muito importante foi a inauguração de bondes a vapor, que só subiam uma ladeira de acesso ao bairro, em meados do século XIX. O aqueduto da carioca, hoje conhecido como os Arcos da Lapa, já estava no lugar desde 1726, e passou a servir de viaduto para bondes elétricos em 1896.
No século XIX, os bondes passaram a fazer parte da paisagem do bairro. Os Arcos da Lapa tornaram-se seus viadutos.
Foto: Rio Convention & Visitors Bureau |
Até os anos de 1940, a Lapa era o ponto de encontro de boa parte da classe artística carioca. Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Portinari, Carlos Drummond de Andrade, Mario de Andrade (quando vinha ao Rio), Oscar Niemeyer e vários outros se reuniam nas sinucas da Lapa, onde viravam noites bebendo e jogando. Quando o Estado Novo é decretado, a área da Lapa fica muito perigosa para estes que eram considerados subversivos, uns mais que outros. Assim, a perseguição política arrastou uma parte da intelectualidade carioca para a então distante e isolada Ipanema. A outra parte preferiu subir o morro ao lado, Santa Tereza, e viver por ali mesmo.
A esta altura, o bairro de Santa Tereza já era considerado um foco de produção artística e cultural devido aos saraus e rodas de poesia organizados pelos grandes agitadores culturais que o bairro teve, como Paschoal Carlos Magno e Laurinda Santos Lobo. Tornava-se uma conseqüência natural, portanto, o incremento dessa vocação. Nos anos seguintes, o bairro foi um pouco ofuscado em matéria de referência cultural. Ipanema e Copacabana viviam seus momentos de apogeu, com a Bossa Nova, o neo-concretismo e, mais tarde, a poesia marginal. Nos anos 70, Santa Tereza passou silenciosamente a conviver com uma atividade que só agora, no ano 2000, viria a ser revelada: as freiras carmelitas, herdeiras de Jacinta e Francisca Rodrigues Ayres, refugiaram perseguidos políticos da ditadura em seus muros de claustro.
Nos anos 90, a decadência tomava conta do bairro, quando um trabalho comunitário, bem ao espírito que sempre havia tomado conta do bairro, sacudiu a poeira das ruas de Santa Tereza. Uma ONG foi fundada e realizou de novo eventos artísticos, primeiro com os artistas residentes, que não são poucos, e depois abrindo a quem quisesse participar. O Arte de Portas Abertas e o Festival de Inverno são exemplos de como a auto-estima do bairro foi recuperada. Ambos movimentaram o comércio e restabeleceram a vocação do bairro para a cultura. Hoje, o Rio vê em Santa Tereza um local onde encontrar tranqüilidade e contemplação, longe do ritmo alucinante da cidade.
Parque das Ruínas - Foto: Rio Convention & Visitors Bureau |
Bondinho desvenda recantos do bairro - Foto: Rio Convention & Visitors Bureau |
http://centrodacidade.com.br/acontece/vs_santateresa.htm
Como chegar: De bonde - partida da Estação dos Bondes diariamente, das 7h às 21h30 (R. Lélio Gama, s/nº - Centro - ao lado do prédio da Petrobras). Tel: (21) 2215-8581 / 8559
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